terça-feira, 27 de março de 2012

Bombeiros voluntários: uma solução viável

Acompanhando as notícias desta noite de terça-feira, li sobre um incêndio em Fontoura Xavier que deixou uma vítima fatal. A casa, de madeira, foi rapidamente consumida pelas chamas. Apesar deste óbito, felizmente outros moradres da residência conseguiram escapar sem ferimentos. Quem atendeu à ocorrência foram os bombeiros de Soledade.

Para quem não conhece a região, exponho um detalhe muito importante: Soledade fica a 25 km de Fontoura Xavier! O deslocamento de um caminhão de bombeiros naquele trecho deve levar quase meia-hora. Isso, enquanto uma casa está queimando, é uma eternidade! Esta triste realidade, infelizmente, não é excessão. No Brasil, uma porcentagem mínima das cidades possui guarnições de bombeiros, sejam municipais, militares ou voluntários. Muitas dependem do socorro que fica a dezenas de quilômetros.

Poderíamos culpar o Estado por não ter uma unidade do Corpo de Bombeiros Militar em cada município, mas não creio que seja justo. Pode até ser cômodo, mas não é justo. Deixando de lado qualquer posição política e a corrupção que sabemos que existe, é financeiramente inviável manter um corpo de bombeiros militar em cada município brasileiro. Muitos dos que existem já passam dificuldades, imaginem criar novos. O que quero dizer, enfim, é que a sociedade não deve procurar culpados, mas sim criar alternativas.

Os bombeiros voluntários são o modelo mais popular em muitos países da Europa, região plenamente desenvolvida. Da Alemanha, país de origem dos imigrantes que colonizaram Nova Petrópolis, veio a inspiração para criar a nossa corporação. São mais de duas décadas de vidas e patrimônios salvos, que antes pereciam ao atendimento de Gramado ou Caxias do Sul, ambas cidades distantes 35 km daqui. No Brasil, os primeiros voluntários começaram a atuar em Joinville-SC; já aqui no Rio Grande do Sul foi em Nova Prata.

Como costuma dizer o atual presidente da Voluntersul e comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Nova Petrópolis, Edison Eduardo Rother, "bombeiros voluntários são pessoas da própria comunidade treinadas e equipadas para salvar vidas e patrimônios". Ou seja, não existe nenhum milagre nisto, existe sim iniciativa e boa vontade. Em Nova Petrópolis a corporação sempre recebeu apoio da prefeitura, entidades, empresas e população. Foi através de doações (tanto de tempo quanto de dinheiro) e auxílios financeiros do poder público que os bombeiros se mantiveram. Atualmente, a sede, as viaturas e equipamentos são de dar inveja até em quem não entende do assunto. Nossos bombeiros são nosso orgulho, e a cidade certamente teria muitas histórias tristes para contar se não fossem eles.

Cito Nova Petrópolis por conhecer de perto a história e já ter feito parte da corporação, mas existem muitos casos de sucesso na região: Picada Café, São José do Hortêncio, Harmonia, São Sebastião do Caí, Bom Princípio, Carlos Barbosa, Garibaldi, etc.

As prefeituras das cidades que não possuem bombeiros precisam mobilizar a população e dar auxílio jurídico na formação da sociedade civil (ou associação, não sei como funciona hoje em dia). Se for dado o pontapé inicial, certamente o projeto anda. Tenho certeza que em todo lugar existem pessoas dispostas a ceder parte do seu tempo para o bem-comum, ainda mais quando se trata da própria segurança. Com a capacitação adequada, a maioria das pessoas pode se tornar um bombeiro. Digo "a maioria" porque isso depende também de outros fatores, como o condicionamento físico. Destaco ainda a importância do apoio do governo municipal porque apesar do voluntariado, existem custos: alimentação, viaturas, equipamentos, água, luz, telefone, uniformes, etc. Se bem que com os contatos certos, muitas parcerias podem ser firmadas e estes custos minimizados através de doações.

Finalizando, sugiro que as prefeituras entrem em contato com a Voluntersul. Com a assessoria correta, perceberão que os bombeiros voluntários são uma solução viável. Incentive a formação deste modelo de corporação na sua cidade!

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